sexta-feira, abril 29, 2005
ontem foi o passado... hoje o existencialismo
« O homem é, não apenas como ele se concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz. Tal é o primeiro princípio do existencialismo. É também a isso que se chama a subjectividade, e o que nos censuram sob este mesmo nome. Mas que queremos dizer nós com isso, senão que o homem tem uma dignidade maior do que uma pedra ou uma mesa? Porque o que nós queremos dizer é que o homem primeiro existe, ou seja, que o homem, antes de mais nada, é o que se lança para um futuro, e o que é consciente de se projetar no futuro. (...)
Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsablidade da sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens." »
quinta-feira, abril 28, 2005
hoje apetece-me citar Adorno
A pergunta "O que significa elaborar o passado" requer esclarecimentos. Ela foi formulada a partir de um chavão que ultimamente se tornou bastante suspeito. Nesta formulação. a elaboração do passado não significa elaborá-lo a sério, rompendo seu encanto por meio de uma consciência clara. Mas o que se pretende, ao contrário, é encerrar a questão do passado, se possível inclusive riscando-o da memória. O gesto de tudo esquecer e perdoar, privativo de quem sofreu a injustiça, acaba advindo dos partidários daqueles que praticaram a injustiça. Certa feita, num debate científico, escrevi que em casa de carrasco não se deve lembrar a forca para não provocar ressentimento. Porém a tendência de relacionar a recusa da culpa, seja ela inconsciente ou nem tão inconsciente assim, de maneira tão absurda com a idéia da elaboração do passado, é motivo suficiente para provocar considerações relativas a um plano que ainda hoje provoca tanto horror que vacilamos até em nomeá-lo.
O desejo de libertar-se do passado justifica-se: não é possível viver à sua sombra e o terror não tem fim quando culpa e violência precisam ser pagas com culpa e violência; e não se justifica porque o passado de que se quer escapar ainda permanece muito vivo, O nazismo sobrevive, e continuamos sem saber se o faz apenas como fantasma daquilo que foi tão monstruoso a ponto de não sucumbir à própria morte, ou se a disposição pelo indizível continua presente nos homens bem como nas condições que os cercam.
Resto do texto em: http://adorno.planetaclix.pt/tadorno14.htm
quarta-feira, abril 27, 2005
Porque há coisas mais importantes...
Porque não tens o direito de pedir isso...
Porque não vale a pena olhar para trás em busca de algo que não existe no presente...
Porque o futuro depende apenas das nossas opções e decisões...
Porque as recordações não passam disso mesmo... recordações...
Porque não quero!
terça-feira, abril 26, 2005
"Quem me dera que eu fosse o pó da estrada"
(Alberto Caeiro)
Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...
segunda-feira, abril 25, 2005
A história da moral
(Alexandre O'Neill)
Você tem-me cavalgado
seu safado!
Você tem-me cavalgado,
mas nem por isso me pôs
a pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.
domingo, abril 24, 2005
sábado, abril 23, 2005
Recortes
- Deviam era de ter governado como senhores e saído como cavalheiros...
Também, o tempo médio dedicado à leitura aumentou, com pouco mais de um quarto da população inquirida (26,6%) a despender entre 30 minutos a duas horas por semana na leitura de um livro. in Diário Digital
- Da maioria ao 1/4
terça-feira, abril 19, 2005
segunda-feira, abril 18, 2005
Devaneios - 1
Lx, 18 de Abril de 2005, 19:20 (horas locais)
A vida agitada das grandes cidades é sem dúvida alguma um ambiente rico em ilações e pensamentos mundanos, que assumem um cariz filosófico à medida que vão sendo aprofundados, fatiados por entre um semáforo e outro e tornados eternos quando existe vontade. O retalho de um dado momento, na manta que é a familiaridade do ambiente.
Fiquemos logo pelo primeiro semáforo, a escassos metros do sítio onde habitualmente costumo estacionar a voiture . Não sei como o fui fazer, mas arranquei com o sinal vermelho e, por azar, era a polícia que estava atrás. É sempre com enorme satisfação que presenciamos a autoridade a exercer o seu dever de uma forma rápida e eficaz, contrariamente às bocas que se ouvem por aí que nunca estão onde são necessários, chegam 2 horas depois do alarme disparar, enfim, bocas infundadas e desprovidas, na sua totalidade, de qualquer tipo de razão.
Antes de a sirene tocar com vivacidade o seu tom de autoridade, já o sinal estava aberto, mas as leis existem para que possamos viver numa sociedade o mais ordeira possível, para que possamos fazer a nossa vida com a menor manifestação de medo possível e para que nos lixe sempre que possível.
E, como não há uma sem duas, levo um pequeno papel com as instruções de como pagar os meus pecados por ter a chapa de matrícula traseira em muito más condições.
Devaneios - 2
Dia 18 de Abril, 19:18 (horas locais), faltavam sensivelmente 10 minutos para regressarmos ao posto, quando o operador avisa todas as unidades que estivessem nas imediações do Aeroporto da Portela para estarem atentos a um veículo com as características que estavam a aparecer no nosso monitor e cujo proprietário dava pelo nome de Álvaro Vieira. Ao que vim a saber mais tarde, o veículo em questão estava sobre vigilância no parque do Aeroporto há cerca de um mês, não pelo que pudesse haver dentro dele, mas sim pelo seu dono, um pequeno traficante de diamantes.
Lembro-me de ter pensado que, caso fosse um bom dia não iria vislumbrar sequer um carro da mesma cor até ao regresso ao posto, caso contrário era apenas mais um dia. Neste momento passa um carro que correspondia à descrição do alerta emitido. Próxima verificação, chapa de matrícula. Não dava para ver claramente as letras, mas os números correspondiam. Era mais um dia.
Faz hoje 50 anos da morte de Albert Einstein...
«Deus não joga aos dados»... se tudo fosse relativo certamente que as opções das pessoas eram outras. Einstein teve de se contradizer a si próprio porque o mundo não estava preparado para a verdade.
domingo, abril 17, 2005
show me the way... baby!!
«
Não tens opção. Isto é a jaula da tua vida que te mantem encurralado no espaço mais ínfimo da tua existência...