eXistenZ is real

segunda-feira, abril 18, 2005

Devaneios - 1

Lx, 18 de Abril de 2005, 19:20 (horas locais)

A vida agitada das grandes cidades é sem dúvida alguma um ambiente rico em ilações e pensamentos mundanos, que assumem um cariz filosófico à medida que vão sendo aprofundados, fatiados por entre um semáforo e outro e tornados eternos quando existe vontade. O retalho de um dado momento, na manta que é a familiaridade do ambiente.

Fiquemos logo pelo primeiro semáforo, a escassos metros do sítio onde habitualmente costumo estacionar a voiture . Não sei como o fui fazer, mas arranquei com o sinal vermelho e, por azar, era a polícia que estava atrás. É sempre com enorme satisfação que presenciamos a autoridade a exercer o seu dever de uma forma rápida e eficaz, contrariamente às bocas que se ouvem por aí que nunca estão onde são necessários, chegam 2 horas depois do alarme disparar, enfim, bocas infundadas e desprovidas, na sua totalidade, de qualquer tipo de razão.

Antes de a sirene tocar com vivacidade o seu tom de autoridade, já o sinal estava aberto, mas as leis existem para que possamos viver numa sociedade o mais ordeira possível, para que possamos fazer a nossa vida com a menor manifestação de medo possível e para que nos lixe sempre que possível.

E, como não há uma sem duas, levo um pequeno papel com as instruções de como pagar os meus pecados por ter a chapa de matrícula traseira em muito más condições.

Devaneios - 2

Dia 18 de Abril, 19:18 (horas locais), faltavam sensivelmente 10 minutos para regressarmos ao posto, quando o operador avisa todas as unidades que estivessem nas imediações do Aeroporto da Portela para estarem atentos a um veículo com as características que estavam a aparecer no nosso monitor e cujo proprietário dava pelo nome de Álvaro Vieira. Ao que vim a saber mais tarde, o veículo em questão estava sobre vigilância no parque do Aeroporto há cerca de um mês, não pelo que pudesse haver dentro dele, mas sim pelo seu dono, um pequeno traficante de diamantes.

Lembro-me de ter pensado que, caso fosse um bom dia não iria vislumbrar sequer um carro da mesma cor até ao regresso ao posto, caso contrário era apenas mais um dia. Neste momento passa um carro que correspondia à descrição do alerta emitido. Próxima verificação, chapa de matrícula. Não dava para ver claramente as letras, mas os números correspondiam. Era mais um dia.