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terça-feira, maio 17, 2005

Será ambiguidade? Fica a questão...

« A Mentira é a recriação de uma Verdade. O mentidor cria ou recria. Ou recreia. A fronteira entre estas duas palavras é ténue e delicada. Mas as fronteiras entre as palavras são todas ténues e delicadas.

Entre a recriação e o recreio assenta todo o jogo. O que não quer dizer que o jogo resulta sempre. Resulte seja o que for ou do que for.

A Ambiguidade é a Arte do Suspenso. Tudo o que está suspenso suspende ou equilibra. Ou instabiliza. Mas tudo é instável ou está suspenso.

Pelo menos ainda.

Ainda é uma questão de tempo. Tudo depende da noção de tempo ou duração ou extensão. A aceleração do tempo pode traduzir-se pela imobilidade pois que a imobilidade pode traduzir-se por um máximo de aceleração ou um mínimo de extensão: aceleração tão grande que já não se veja o movimento ou o espaço ou a duração.

Tudo está sempre a destruir tudo. Ou qualquer coisa. Ou alguém. Mas estamos sempre a destruir tudo ou qualquer coisa. Ou alguém.

Os construtores demolem. No lugar onde estava o sopro, pormos pedras ou palavras: sinónimo de construção. Ou destruição. Ou acção. »

Ana Hatherly, in 'O Mestre'

4 Comments:

  • "Tudo está sempre a destruir tudo. Ou qualquer coisa. Ou alguém. Mas estamos sempre a destruir tudo ou qualquer coisa. Ou alguém". De lamentar é quando a autodestruição se suplanta à demolição alheia ou até quando está é feita de forma perversa baseada em ambiguidades.

    By Anonymous Anónimo, at 11:21 da manhã  

  • É impossível saber o grau de demolição alheia pelo que, acima de tudo, o indivíduo deverá ter em conta a sua autodestruição e evitá-la.

    Apenas se poderá ter em consideração a destruição do outro quando antevemos a autodestruição a priori, mas isso geralmente nunca acontece.

    Caso aconteça... retornamos ao problema da ambiguidade: «a Arte do Suspenso. Tudo o que está suspenso suspende ou equilibra. Ou instabiliza. Mas tudo é instável ou está suspenso.»

    By Anonymous Anónimo, at 11:52 da manhã  

  • Cada tem de gerir da melhor forma a sua liberdade para não invadir a dos outros, factor que provoca obrigatoriamente escoriações.

    O melhor é tentar saber o que realmente se passa, evitar rumores ou cair na crença absoluta da verdade dos outros.

    A destruição não se evita mas pode ser atenuada...

    By Anonymous Anónimo, at 12:36 da tarde  

  • A melhor definição de liberdade é mesmo essa: a tua liberdade acaba quando começa a do outro.

    As máximas universais postuladas por Kant assumem-se como redutoras quando incluídas no processo de semíose na comunicação entre indivíduos. O que vale é sempre o teu "eu", não o de todos os dias, mas o "eu" quando distantes dos outros.

    Tal como Goffman já dissertou, é distante do contexto social que o indivíduo dará o verdadeiro valor às inferências retiradas aquando com o outro.

    E é aí que começa a destruição. Grande, pequena, atenuada ou vincada não interessa... é destruição (ainda que tenhamos a consciência que poderá ser necessário um damage control)

    By Anonymous Anónimo, at 1:27 da tarde  

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