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sexta-feira, abril 29, 2005

ontem foi o passado... hoje o existencialismo

« O homem é, não apenas como ele se concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz. Tal é o primeiro princípio do existencialismo. É também a isso que se chama a subjectividade, e o que nos censuram sob este mesmo nome. Mas que queremos dizer nós com isso, senão que o homem tem uma dignidade maior do que uma pedra ou uma mesa? Porque o que nós queremos dizer é que o homem primeiro existe, ou seja, que o homem, antes de mais nada, é o que se lança para um futuro, e o que é consciente de se projetar no futuro. (...)

Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsablidade da sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens." »

Jean Paul Sartre
Passado e existência... combinação perigosa.

1 Comments:

  • O Existencialismo é um Humanismo. Neste caso, recomendo a tradução do Vergílio Ferreira, com longa introdução destoutro.
    A obra é um quase manifesto sobre o pensamento existencialista.
    O título é em si mesmo uma provocação: basta lembrar a crueldade com que Sartre retratava o Autodidacta e a sua profissão de fé humanista no seu livro A Náusea.
    O existencialismo é um humanismo porque acredita na capacidade do Homem de se construir e de projectar o que quer e o que pode ser através da sua existência e, claro, através do acto de viver. O que implica, creio, a assumpção da consciência pura, isto é de o homem, ao ser responsável pela sua existência, é-o igualmente em relação à sua consciência, uma vez que ela resulta da acção individual e do máximo de dignidade porque é regida a existência. O que é extremamente interessante para um pensador que não crê em Deus, tendo em conta que Sartre questionava, por exemplo, a falsa ou a má consciência de classe e não, julgo, a do ser reduzido à sua expressão individual.
    Sem cair no optimismo, Sartre é muito mais "humanista" do que n' A Náusea.
    Parabéns pelo excerto escolhido: é maravilhoso.

    By Anonymous Anónimo, at 6:08 da tarde  

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